sexta-feira, 23 de abril de 2010

papo sério

malandro, ser professor é foda. e nem digo isso por causa daquela história toda de desvalorização da categoria. é complicado porque a profissão exige um autocontrole que muitas vezes eu não tenho.
sabe, é uma gurizada que sente falta de tudo e para quem está com eles todos os dias fica muito fácil notar. é grito pra cá, chute pra lá, tapa a todo o momento, tudo isso na maior naturalidade. e quando digo naturalidade não quero dizer cara-de-pau, é naturalidade mesmo de quem nem sabe agir de outra forma. diante disso tem quem abandone, outros ficam brutalizados e ainda existem alguns que param de se importar. eu muito julguei essas atitudes (do alto da minha sabedoria de vinte e poucos anos) e cada vez que lembro de alguns desses juízos de valor que fazia me dá um troço, porque percebo como é fácil se precipitar na inexperiência.
hoje mesmo, teve um guri de uns doze anos que me tirou do sério pra caralho. tanto que fui muito idiota com ele também. grito, esporro, cala a boca, direção da escola e o caralho a quatro. dez minutos depois tava me sentido o menor dos homens. e toca a conversar com o piá de novo, pedir desculpas e tentar consertar o estrago feito.
tá certo, ninguém tem sangue de barata, mas bancar o macho com uma criança é muuuuuuiiito feio. e isso sempre acaba reforçando a atitude errada que você quis repreender.
por isso que digo que ser professor é foda. porque a linha que separa a austeridade e a estupidez é muito tênue. fico feliz porque quase nunca cruzo essa linha. mas tem dias que o cara termina o dia tremendo, sem saber se é de raiva ou de dó.

Um comentário:

O Primo Distante disse...

Vamo que vamo! é o que da p fazer.